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Mostrando postagens de 2013

Água morna em 2014

Eu gosto de tomar banho em água morna. Posso, inclusive, dizer que esse tem sido o meu maior prazer: tomar banho em água morna. Que se dane se envelhece a pele! Tem sido o meu único prazer e não vou deixar de fazê-lo. E é justamente isso que me preocupa: o único. Meu Deus, o meu único prazer tem sido um banho de água morna! É muito pouco, não?! Sim, me admiro com a falta de prazeres que ando "não vivendo". Falta-me emoções, aventuras, descobertas... tudo está exatamente como o meu banho: morno. Minha culpa? Talvez. O que se esperar de uma empregada pública de banco com um filho para criar? Não posso me permitir muitas coisas novas e extravagantes... a vida comedida (e morna) por enquanto tem sido a melhor opção. O que desejar para 2014? Um emprego com atividades eufóricas? viagens a lugares interessantes? uma paixão arrebatadora? Não sei se desejo tudo isso... Queria, na verdade, apenas encontrar o prazer no pouco que tenho. Comer meu feijão com arroz e sentir seu sa

Natal, parte II

2013 foi um ano de realização para mim. Comprei uma casa. E, consequentemente, um ano de endividamento. Meu lema: Deus provê, Deus proverá. Vou trabalhar, dar duro e colocar as finanças em dia. Entretanto, para que isso aconteça precisarei de uma moderada dose de controle. Muito bem, onde o Natal entra nessa bagaça toda?! Entra quando o filho pede um presente muito além da sua capacidade financeira para o momento. Pedro Paulo está numa fase Bendézica, tudo do Ben 10!!! Viu um tal carrinho de controle remoto do Ben 10, um Anfibious, e alucinou... surtou de vez... saiu pedindo o tal carrinho pra todo mundo! Atirando para todo lado! -Filho, o carrinho é muito caro. A mamãe não pode comprá-lo para você. -Ah, você dá um pouquinho de dinheiro, a vovó dá um pouquinho de dinheiro, o vovô dá um pouquinho de dinheiro e a gente compra ele! Apesar de ficar tocada com as noções de cooperativismo do meu filho, além da questão financeira, não acho correto dar um presente tão caro a uma

Natal, parte I

Tentando intimidar/chantagear meu filho: -Rêêê, fiiilho... O que será que Papai Noel ia pensar se visse isso que você fez, hein? -Não quero saber da opinião dele. Eu quero é o presente.

Joio e trigo

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Hoje eu conversava com uma amiga sobre coerência. Ser coerente é não discrepar em suas falas, pensamentos e/ou atitudes. É ser condizente nesses três aspectos. Fácil? Não, não é. Mas a incoerência chama mais a atenção do que aquela maldita casquinha de feijão preto no dente ou do que um sapato fúcsia.  Eu mesma vivo reparando as pessoas e julgando-as. Não todos. Tenho os meus preferidos. Gosto dos hipócritas. Gosto daqueles que acham que não estamos vendo o que estão fazendo. Gosto de julgar mentalmente e condenar à prisão perpétua.  Imagine vocês um pastor. Um ídolo para seus fiéis. Uma reputação ilibada que prega a mais alta moral entre seus súditos... comendo menininhas fora do casamento. Imagine o chefe, algoz dos bons costumes na empresa. Implicado até com os que deixam o posto momentaneamente para ir ao banheiro, implacável com as horas extras na empresa... roubando dos próprios sócios. O gostosão pagando de bacana, comendo em lugares chiques, viajando mundo a fo

Saída pela tangente

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O Leão da Montanha foi um ícone na criação de muita gente. -Saída pela esquerda! - dizia ele. Tangenciar também é ótimo negócio para os evasivos. Flerta com o cateto oposto e com o cateto adjacente ao mesmo tempo. Não concordo, nem discordo... muito pelo contrário. Dúbio até mandar parar. Sei ser evasiva quando me convém, mas o fato é que, na maioria das vezes, prefiro enfrentar. Homem é diferente. Para eles a melhor saída e mais rápida é sempre correr. Corra, Forrest, corra! Leão da Montanha é masculino. Forrest Gump é masculino. Basta digitar a expressão "Tô caindo fora" no Google e verá a resposta : os cinco primeiros resultados são de músicas cantadas por homens, a sexta é cantada pela Ana Carolina (o que dá quase na mesma). Portanto, é com toda propriedade, vivência e conhecimento de causa que afirmo que homens são evasivos. Entretanto, há alguns piores que outros. Há aqueles que não evadem apenas no sentido de dar um retorno esperado diante de uma situa

A vez do exercício (de novo)

Eu sou um fracasso! Sim fracassei todas as vezes que tentei me exercitar. Nunca consegui me entusiasmar com uma atividade física por um ano inteiro - e olha que já vivi 28 deles! Não levo jeito para esportes coletivos. Cobro muito de mim mesma e assim o faço quando passo um passe errado, ou perco uma bola, ou simplesmente por não estar no lugar certo na hora em que eu deveria. E, pra ser sincera, não tenho um espírito competitivo muito acirrado. Baseada nisso, há dois anos, quando tive um princípio de tendinite nos pulsos, o médico me disse categoricamente "você precisa se exercitar e tem que ser algo que goste, porque tem de ser pelo resto da vida". Aí eu surtei: as palavras "exercitar" + "goste" + "resto da vida" parecem extremamente incoerentes para mim quando colocadas num mesmo contexto. Bem, mas ordens médicas são ordens médicas. E eis que depois de muito matutar acerca de algo "para o resto da vida" cheguei à conclusão

Procuração

Estou passando uma procuração para quem se interessar a responder aos questionamentos do meu curioso filho. Cargo: Respondedor de perguntas Salário: Satisfação de estar contribuindo para o crescimento de uma criança Formação requerida: PhD em Harvard ou Oxford em Pedagogia Temas: Assuntos diversos que envolvam coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar, além de português, matemática, história, geografia, biologia, ensino religioso, educação física, OSPB, moral e cívica, filosofia, sociologia, mitologia, artes, também magia e meditação e o que mais aparecer. Tive essa brilhante ideia ao ter de responder mais algumas daquelas perguntas que me deixam atônita, ou seja, sem saber por onde começar. -Mãe, por que o óleo pega fogo e o leite não pega? -Como é que se fabrica chiclete? -Como é que a bosta é feita na nossa barriga? -Como é que é feito esse franguinho (Nuggets)? Eu sei, eu sei... é lindo o processo de aprendizado da criança. Mas, e eu? Como é que eu arranjo respostas p

Análise combinatória

Em conversa com uma amiga, lá estava eu a reclamar dos príncipes encantados que aparecem e desaparecem da nossa vida. Aí, ela me abriu os olhos para que "príncipe encantado" pode se desdobrar em quatro possibilidades: Príncipe Encantado: homem gentil, educado, que nos ama, que faz todas aquelas coisas lindas que adoramos, a perfeição em pessoa, que, por ser encantado, nos inebria em sentimentos gostosos e nos sentimos bem somente por estar ao nosso lado. Príncipe Que Não É Encantado : homem perfeito em todos os atributos, mas que não estala aquele clic no nosso coração. Encantado Que Não é Príncipe : simplesmente gostamos dele sem que haja um motivo sequer. É o encanto. Não É Príncipe, Nem Encantado : não é nada. Não te encanta, não faz nada por você. Somente é homem. Senhoritas, façam as suas escolhas!

Domingão

Querido diário, Hoje foi um dia intenso. Tão intenso que estou com preguiça de contá-lo. Fica pra amanhã.

Garupa

Hoje senti saudade. Sabe, aquele misto de coisa boa com coisa ruim - tipo soro caseiro, que mistura sal com açúcar - que vem no peito de vez em quando ao lembrarmos de alguém ou de alguma situação. Saudade pra mim é isso: fico feliz por ter vivido e convivido, mas fico triste porque não vou viver e conviver novamente... não sob as mesmas circunstâncias. Lembrei da garupa da bicicleta Monark dourada ano 85 do meu pai. Papai me levava todos os dias para a escola montada na bicicleta. Ele, marceneiro, fichado na Prefeitura Municipal de Itapuranga, pai de filha única. Bom pai. Eu, aluna da Escola Estadual Joaquim da Silva Moreira, pasta amarela debaixo do braço, material escolar barato (mas organizado), camiseta da escola e saia azul plissada. Menina chorona. Sentada na garupa da bicicleta dourada ainda lembro dos comandos: -Abra bem as pernas. Cuidado pra não por o pé no raio. -Segura pra não cair pra trás. -Desça só quando a bicicleta parar. Meu pai é um homem

Perdão

Quantas vezes devemos perdoar? Não quero o clichê bíblico de 490 vezes, esse já está demodè... Pode deixar que eu mesma respondo. Resposta: Depende. Se for eu ou você que tivermos de perdoar alguém, que seja o mínimo de vezes necessário, porque afinal, não toleramos erros. As pessoas que erram são incompetentes, descuidadas ou até burras! Portanto, nem ouse contar com o nosso perdão, pois preferimos soltá-lo a conta-gotas. Agooooraa... Se quem estiver pedindo perdão for eu, aí sim ele deve ser concedido inúmeras vezes... quantas forem necessárias... perdões a perder de vista. Para quem me conhece pouco, poderá interpretar esse texto como sendo presunçoso e hipócrita. Perdoe-me, mas não o é. Estou aqui reconhecendo o quanto somos exigentes com as pessoas que nos rodeiam e que o grau de exigência simplesmente despenca para quase zero quando se trata de nós mesmos. Andam muito decepcionada com as pessoas que me julgam sem conhecer meus motivos, sem perguntar pelos m

Nota de 10

Depois de fazer mais uma de suas proezas, Pedro solta: -Gostou, mamãe? -Ah, adorei! Você é um filhinho nota 10! -Nota de dez, mamãe? Pense só: meu filho não sabe o que é uma nota 10, porque ainda não vai à escola. Entretanto, uma nota de dez ele sabe muito bem para que serve.

Ai...

...minha ânsia.

Solta a vida e empina a pipa

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Mês que vem farei 28 anos. Já andei a cavalo.  Já beijei namoradinho no portão. Pesquei traíra em córrego. Mas nunca tive um cão, nem andei de patins. Hoje, faltando pouco mais de um mês para completar 28 anos, eu soltei pipa. Nunca havia empinado uma pipa na minha vida. Sequer tinha lido um livro para aprender a técnica para colocá-la no ar e fazê-la subir - sim, porque muitas coisas não conhecemos na prática, mas somos doutores em teoria. Entretanto, ser mãe solteira nos faz ficar expertes em papéis duplos. Não que eu esteja dizendo que uma mãe não possa soltar pipa com o filho (tanto que assim o fiz), mas se meu filho tivesse um pai presente com certeza eu delegaria essa função a ele. Ser mãe é desdobrar. É pagar um mico em troca de um sorriso. É poder ter o orgulho de dizer que daquela memória, eu fiz parte. Enquanto eu ia pelejando com aquela coisa e a cada metro que ela subia, eu me sentia um pouquinho mais feliz e realizada. Comecei a fazer comparações com a

Discutindo religiosidade

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Ontem me senti muito despreparada religiosamente para ensinar qualquer conceito religioso ao meu filho. Voltávamos de um passeio e Pedro vinha resmungando pelo caminho, como habitualmente o faz quando algo não sai do seu agrado. -Papai do Céu, eu quero que você ponha todos os meus amiguinhos de castigo porque eles estavam brincando com os meus brinquedos... -Que que foi, meu filho? -Nada, não, mãe. Tô falando com Papai do Céu. -Tá pedindo chuva pra nós? -Não. Tô falando pra ele colocar meus amiguinhos de castigo porque eles estavam brincando com as minhas coisas. Mãe, como é que o Papai do Céu põe a gente de castigo? (engoli seco) -Uai, meu filho. Acontece algo pra gente que a gente fica triste. Isso pode ser um castigo do Papai do Céu. Tipo, se você não deixa seus amiguinhos brincarem com seus brinquedos, aí um deles quebra. Isso é castigo porque você não dividiu. -Se Papai do Céu quebrar um brinquedo meu, eu falo pros anjinhos lá no Céu botarem Ele de castigo! -Mas

Quem tem olhos, veja

Leitor amigo, você já se sentiu pequeno? Bem pequeno mesmo? Minúsculo? E olhou para as outras pessoas e as viu gigantes, enormes, assustadoramente grandes? Não, eu não estou me sentindo assim. Mas gostaria muito de saber qual a perspectiva que os "gigantes" têm dos seres minúsculos lá embaixo. Conheço tantas pessoas que se acham maiores do que outras... Tantas pessoas que se pensam superiores... Às vezes, me embrulha o estômago pensar que alguns seres não conseguem sequer olhar para seus próprios defeitos e admiti-los simplesmente por estarem ocupados demais procurando as imperfeições das outras pessoas. Há algumas semanas atrás uma vendedora me disse que eu tinha uma energia boa. Vejam só! Uma mulher que nunca me viu na vida conseguiu captar minha energia - e, sim, ela é boa, posso garantir isso. Posso ter defeitos, umas amargurazinhas, uns ressentimentos, mas no geral... sou uma pessoa do bem. Todavia, alguns  gostam de me denegrir. Por mais que tenham convivido comi

Papel de presente ou papelão?

Conversando com um amigo, ele brincou:  -Gostaria de ser um papel de presente, assim todos olhariam para mim e ficariam felizes. Eu sou uma caixa de papelão que as pessoas querem logo abrir pra ver o que tem dentro, ou querem me usar para carregar coisas, uns me jogam fora, outros me catam na rua para revender. A interessante metáfora do meu amigo me fez refletir um pouco. Somos papel de presente ou uma caixa de papelão? Vou limitar a minha interpretação à canção do O Teatro Mágico, que expressou lindamente esse sentimento em "Cidadão de Papelão". O cara que catava papelão pediu Um pingado quente, em maus lençóis, nem voz Nem terno, nem tampouco ternura À margem de toda rua, sem identificação, sei não Um homem de pedra, de pó, de pé no chão De pé na cova, sem vocação, sem convicção À margem de toda candura À margem de toda candura À margem de toda candura Um cara, um papo, um sopapo, um papelão Cria a dor, cria e atura Cria a dor, cri

Don't take my hand

O Facebook é um grande conselheiro.  Tiro muitos conselhos sábios de lá. Ontem mesmo li o seguinte "Durma com ideias e acorde com atitudes." Estou prestes a tomar uma atitude, com um delay de... digamos... uns dez anos... Nesse momento o ditado "Antes tarde do que nunca" faz todo o sentido do mundo. Mas preciso confessar uma coisa: tenho medo. Tenho medo do que é novo. Tenho medo dos sentimentos com os quais não consigo lidar. Tenho medo da opinião alheia. E, hoje, no discurso de uma colega do trabalho que se aposentou, veio mais uma frase para somar a esse turbilhão pelo qual estou passando nesse momento. A colega disse mais ou menos assim: eu queria sair daqui à francesa, sem ser notada, sem ter de passar por esse momento aqui, emocionada, despedindo de vocês. Entretanto, eu me lembrei que nunca fugi de nada da minha vida e não é agora que vou fazer isso, nesse momento tão especial para mim. Agradeço a Deus por ter tomado essa decisão, porque me sinto muito

Suicídio sentimental

Ultimamente tenho tido dores no peito, falta de ar, calafrios na barriga, nós na garganta... São sintomas recorrentes de uma alma presa. São sintomas de uma pessoa presa em orgulho. Mas não quero soltá-los. Meus sentimentos soltos são tolos demais, frágeis demais. Ninguém os valoriza, ninguém os leva a sério. Prefiro assim: todos presos dentro de mim, me causando desconfortos e me tirando a paz. Libertar sentimentos soa como fraqueza... e se tem uma coisa que eu não sou é fraca. Fui forte o bastante pra suportar até aqui e vou permanecer suportando... e definhando... e me enclausurando... e sofrendo. Eu até gostaria de dizê-los, mas para todos que escolhi revelá-los se opuseram a me ouvir. Eu disse ouvir. Porque escutar, até as pedras escutam.  Sentimentos, fiquem todos aqui no meu peito e permaneçam me esfaqueando de dentro pra fora. Sigam a sua metástase e me levem à sucumbência, se é isso que querem.

Minha viagem à Chapada

Quando recebi o convite para conhecer o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros já estava com outra pequena viagem marcada com algumas amigas. Confesso que não gosto de viajar dois finais de semana seguidos. Entretanto, era um senhor convite. Um daqueles que aparecem raramente e, melhor ainda, tinha chances de dar certo. Sim, vamos. Tenho de reconhecer que não poderia ter ido em companhia melhor. Uma pessoa amável, educada, disposta (e bota disposição aí, porque eu jamais seria capaz de dirigir todos os quilômetros que ele dirigiu!), zelosa e inteligente. Realmente uma ótima companhia. As belezas naturais do lugar são inegáveis. A simplicidade do povo interiorano, a misticidade do local e a tranquilidade que o ar puro nos traz é um refresco para a alma e a mente atribulada. Lamentei somente não termos mais dias para desfrutar daquele paraíso. Tantos lugares ainda ficaram por conhecer. Coisas novas para experimentar. Um convite ao retorno. Os Kalungas - comunidade quilombo

Instavida

Para gostar de uma pessoa, precisamos gostar de seus defeitos também? Precisamos aceitá-los e aplaudi-los? Bem, se a resposta for não, sinto-me à vontade para partilhar com você esse texto. Se for sim, pode parar de ler por aqui mesmo, porque certamente você não irá gostar do que vai ler. A minha implicância do dia se refere às pessoas que eu amo de paixão, mas que me irritam profundamente ao postar todas as suas refeições no Facebook ou Instagram. Não imagino de onde surgiu essa propulsão que as pessoas têm de comer uma coisa bonita, aparentemente gostosa e querer mostrar pra todo mundo o que está comendo! Aliás, hoje, o que não é postado parece que não existiu, né? Fico imaginando como esses meus amigos ficariam tristes se não pudessem postar a comida deles: -Humm... puxa... Não quero nem comer, perdi a vontade... O Instagram está fora do ar! E agora como vou mostrar pra todo mundo essa batatinha orgânica que fritei no óleo de canola argentino com cubinhos de bacon de jav

Fala comigo?

- E, aí? O que anda fazendo de bom? Essa é uma pergunta que, se estivéssemos em meio a um coito, me faria brochar na hora.  Pessoa bacana, papo legal, diz coisas relativamente interessantes... mas quando solta o "o que anda fazendo de bom" faz com que se quebre todo o encanto. A vontade é responder: não estou fazendo nada de bom! Nada! A-b-s-o-l-u-t-a-m-e-n-t-e nada! Tudo que faço é ruim, algumas coisas são perversas e outras são extremamente desagradáveis. Não faço nada de bom há anos. Não ajudo pessoas a atravessar a rua. Não salvo gatinhos na copa de árvores. Não dou bom dia ao vizinho. Minha vida é um ciclo de maldades. Poderia também dar outra possível resposta para essas pessoas que só querem saber o que fazemos de bom na nossa vida, sem sequer se interessar pelas coisas banais, pelo trivial, pelo dia a dia nosso de cada dia. Tipo, estou fazendo muuuuitas coisas boas. Minha vida é repleta de aventuras e emoções. Ontem desci as Cataratas do Niágara, semana p

Mi faz feliz

Para iniciar nossa conversa se fazem necessários alguns conhecimentos musicais básicos. Você sabia que um violão tem seis cordas - que podem ser de aço ou de nylon? Sabia que de cima para baixo as três primeiras se chamam bordões e as três últimas são as primas? Antes de qualquer piada, não, não conheço as irmãs, tias ou sobrinhas, apenas as primas. Ainda de cima para baixo a primeira corda reproduz o mi, a segunda o lá, a terceira o ré, a quarta o sol, a quinta a si e a última o mi novamente. Pois vejam que curioso o mi, surge duas vezes. Certamente ele há de ser importante nessa história toda. Não sei sua real importância no contexto musical, mas para mim ele tem um significado particular que quero compartilhar fantasiosamente com vocês. O bordão fala aqui. A prima responde acolá. tom... tim... tom... tim... São uma única nota, mas que vibram diferentemente. Têm a mesma afinação e mesmo distante - por quatro outras cordas - não se perdem um do outro... tom... tim... to

Esquecimento

http://www.conjur.com.br/2013-jun-05/stj-aplica-direito-esquecimento-primeira-vez-condena-imprensa

Tempos modernos

Como era mesmo o mundo antes do Facebook? Hummm... deixe-me ver se lembro... As fotos não eram instantâneas. Isso, a gente não sabia como tinha sido a viagem antes de a pessoa voltar de lá... parece que já existia e-mail... mas não lembro se usávamos...  E pra conversar com outras pessoas? Bem, salvo engano, existia um troço chamado Menssenger ou Messeger ou Messenger, algo parecido com isso... Ah, lembrei! MSN!!! Puxa, era até legalzinho "Bebelzinha acabou de entrar" e a cada conversinha fazia "bululup", eram tantos "bululups" de uma vez, vários emoctions e tals... puxa a gente conversava muito! Se eu forçar a minha memória um pouquinho antes... humm... tá vindo... tá vindo! Lembrei! Mensagens no celular! Era bem parecido com o Whatsapp de hoje, só que com beeem menos recursos... tínhamos que nós mesmos desenhar menininhos, menininhas, formiguinhas, gatinhos, carrinhos, peixes usando apenas pontos, parênteses, acentos, travessões. Sim, éramos mai

Completude

Ando numa fase extremista. Ultimamente não tenho gostado muito dos meios-termos. Linhas tênues me deixam nervosa. Não quero meios amigos, não quero meia felicidade, não quero meio amor, não quero um sexo meio bom. Por isso que quando tenho de me sujeitar a meias experiências ou meios sentimentos fico de nariz torcido. Aperta lá dentro, no coração. Eu quero o que há de mais completo no mundo!!! Bom ou ruim, mas que venha por inteiro. Desprezo completo, raiva completa, mágoa completa, amor por inteiro, felicidade por inteiro, viver por inteiro é o que eu quero. As metades não têm me bastado. Mas até para ser completa é preciso tempo...

O primeiro pôr-do-sol

Voltávamos de um passeio quando meu neguinho, sentado na cadeirinha no banco traseiro, me faz a seguinte pergunta: -Mamãe, que que é aquilo? - apontando para frente. -Aquilo o quê, amor? -Aquele negócio lá na frente! -Que negócio, meu bem? -Aqueeele laranjado. Ele se referia ao céu. Nunca tinha observado o céu alaranjado do sol se pondo no horizonte. Por um momento parei para observar o quanto realmente estava lindo e fiquei chateada porque eu mesma havia deixado de repará-lo. Não era a primeira vez que eu o via - como o Pedro, aos quase quatro anos de idade. Entretanto, por muito tempo deixei de contemplar essas coisas e não tenho passado isso ao meu filho. Não é uma mea culpa, trata-se apenas de uma advertência para mim mesma de que o mundo é lindo e cabe a mim mostrar isso ao meu filho o quanto antes.

Odeio limão

Cheguei a uma brilhante conclusão: limão não me faz bem. Cerveja não me deixa de ressaca, vinho deixa uma ressaquinha bem pequenininha, whisky é tranquilo... mas o tal limão... pelo-amor-de-Deus!!!! é do Demônio!!! Tomei um drink docinho de morango, gostoso que só... depois tomei mais um com soda e curaçau blue... outro de moranguinho... até aí, tudo certo. -Me vê mais uma paradinha daquelas, meu amor (meu amor era como eu chamava o barman àquela altura do campeonato). -O morango acabou. -E o que você tem aí? -Limão. -Ah, então faz esse negócio de limão aí mesmo. -Vodka ou cachaça? -Tanto faz. Pronto. Daí pra frente a coisa degringolou geral. Por que eu não parei? Por quê??? Culpa do Belzebu que escolheu o limão para ser a sua casa. O Encardido está escondido entre os gominhos daquela fruta pestilenta! Juro solenemente neste blog que nunca mais deixarei um único limão sequer me prejudicar. Tenho dito!

Purtugueis

No Facebook: -O jeito é ir dormir pra fazer mais uma provinha amanhã. Seja o que Deus quizer . Deus pode até querer que ela passe, mas a banca já não sei.

A chegada do sol, parte II

Por duas semanas ela o observou. Do assento próximo à janela via-se todo o recinto, mas apenas a cadeira dele a interessava. Fitava a forma como ele colocava a Bic azul na boca e ficava balançando entre os dentes, tamborilando algum ritmo, provavelmente samba. Ele tinha cara de que gostava de samba, do bom samba - daquele feito por Adoniran Barbosa, não pagode do Soweto - das letras bem escritas, das canções melódicas e vibrantes ao mesmo tempo. Ela observava como ele sempre deixava uma perna no chão e a outra apoiada na cadeira da frente, de tempo em tempo invertendo-as. Anotava pouco do que o professor dizia. Chegava sempre atrasado, saía sempre mais cedo. No intervalo ia ao banheiro, tomava água no bebedouro, lanchava esfiha (um dia de frango, noutro de carne) e Coca-cola. Retornava para o seu lugar, conversava com alguém e a aula reiniciava. Dez dias úteis - e como foram úteis! - se passaram até que no ônzimo dia ela se aprochegou do rapaz. Já tinha o roteiro pronto: perguntar

A chegada do sol, parte I

Da janela ela via uma pontinha da lua. Tão alva, tão distante, tão linda. Olhá-la proporcionava-lhe uma sensação de bem-estar. Era como se aquele satélite lesse o que se passava dentro dela e preenchesse o imenso vazio que sentia durante o dia. Mas a noite sempre vinha e com ela a alva lua, enchendo-lhe o coração de alegria solitária e paz. Mas um dia a luz se apagou. Não sabemos se apagou ou se a mulher deixou de notá-la...  estava tão absorta por outra alegria que, de repente, entrava na sua vida.  Era ele. O cabelo não era loiro, nem preto. Espera. Tinha cabelo? Ela não se lembra. A única memória que lhe vem à cabeça é a do seu coração palpitando. Espera. Tinha cabelo, curto, sim era curto. Barba por fazer. Olhar tímido. Bonito. Ele se senta e a lua se vai - para longe dos olhos da mulher.

Monteiro Lobato dança quadradinho de 8

Em alguns momentos duvido dos meus valores, daqueles conceitos que trago dentro de mim desde pequenininha. Isso acontece porque quando vejo um monte de gente aplaudindo coisas que eu não aplaudo e vejo outras condenando coisas que eu não condeno, começo a me perguntar se a errada sou eu ou o mundo. O quadradinho de oito. Ver essa nojeira na tevê, sendo aplaudida pelo público, replicada pelos programas, aclamada pelos apresentadores faz com que eu coloque em xeque primeiro o bom gosto alheio e segundo a decência dos meios de comunicação (leia-se, tevê brasileira).  Li na Carta Capital dessa semana mais um artigo falando das obras de Monteiro Lobato que se tornaram inapropriadas para as crianças por ter cunho preconceituoso, principalmente ao falar da cor da pele da Tia Anastácia. Não entendo como que falar que uma pessoa preta é preta pode ser expressão de preconceito. Não se pode falar que um gordo é gordo? Que um míope é míope? Sou contra o racismo e o preconceito expresso, p

Teatro

(Cena 2: Sai Lulu, entra Drummond.) A flor e a náusea Uma flor nasceu na rua! Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego. Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto. Façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu. É feia. Mas é flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.   Carlos Drummond de Andrade

Dê-me somente o que é meu

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Sempre sofri de cobrança. A pior de todas: a autocobrança. Digo que ela é pior, porque além de exigir coisas de mim mesma - com a melhor qualidade e o menor tempo - tratava de incutir na minha cabeça que os outros também depositavam em mim suas expectativas, ou seja, sofrimento em dose dupla. Se se cobrar traz desconforto, o processo de tomada de consciência e ruptura também o traz. É uma faca de dois gumes, só que de um lado é uma lâmina finíssima de corte preciso e de outro uma lâmina grossa, cheia de dentes e enferrujada.

Se quiser se casar com seu sogro, esqueça!

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Hoje no trabalho houve uma situação em que me lembrei que, durante meus estudos do Código Civil, li certa vez que não há dissolução de parentesco com a extinção do casamento ou união. Ou seja, você pode até ter ex-marido, mas nunca terá ex-sogro ou ex-sogra. (Sifu, mermão!) Isso mesmo. Carma é carma. Daí, afim de relembrar meus conhecimentos procurei no Google e veja só a primeira coisa que apareceu: http://espaco-vital.jusbrasil.com.br/noticias/100424361/a-gaucha-o-ex-marido-e-o-ex-sogro Eu sei que pode parecer muito tentador o casamento com o sogro, não é mesmo, meninas? Olhe bem para aqueles fios branco do bigode, entrando boca a dentro. Imagine a sua linda dentadura (com seus também lindos dentinhos) repousando dentro de um copinho com água na cabeceira da cama. Aquela barriguinha sexy esticando os botões da camisa (que foi branca um dia) bem fininha, quase puída porque é a que ele mais gosta e, portanto, usa todos os dias. E o pezinho que você deverá massagear todos os

O sentido do -ona

Conforme prometido, explicarei hoje as diversas aplicações do sufixo -ona.  Além de formar o feminino de algumas palavras terminadas em -ão, o -ona tem uma função emblemática para a mulher de meia idade. É raro ouvirmos que uma mulher, que como diz a minha vó, dessas que já passaram do meio-dia, é uma pessoa bonita, nova, enxuta, ajeitada,... Nããããooo!!! Sempre ouvimos "Fulana tá novona!", "Nossa, viu o tanto que ela tá ajeitadona?", "Rapaz, tô pegando uma coroa enxutona." e "Que isso, menina? Você ainda tá bonitona." Por favor, cravem uma faca no meu peito antes que eu ouça qualquer uma dessas expressões. O -ona utilizado assim sugere (por parte apenas de quem fala -  que isso fique bem claro!) um eufemismo, uma forma de suavizar a situação. Mas para mim, que já sei o seu real significado, isso é um xingamento. É como se o interlocutor dissesse: você está meio velhinha, mas ainda dá um caldo!  O negócio é o seguinte, se for elogiar por

O que dizer a uma mãe

Certa vez, revoltadíssima, postei aqui um texto em que falava do preconceito escrachado às pessoas com filhos. Eu sei que esse tem sido um tema recorrente neste blog. Perdoem-me os meus leitores, mas é que minha vida, depois que saí do caixa, não tem sido permeada de fatos muito interessantes - não que o caixa fosse interessante, mas ao menos era engraçado. Portanto, permitam-me escrever mais uma vez sobre a reação das pessoas quando eu digo que tenho um filho. Só que dessa vez foram dois fatos que me deixaram contente. O primeiro, obviamente, veio daquelas pessoas lindas, maravilhosas e educadas que dizem: "Nossa, é seu filho? Puxa mas você é tão novinha! Tão magrinha." Não sei se é verdade e nem quero saber. Prefiro ser feliz na ignorância. Todo mundo sai lucrando numa situação dessa: a pessoa é abençoada por mim, eu fico com a autoestima em dia e o Pedro com o privilégio de ter uma mãe "novona". (Meu próximo post será sobre o sufixo -ona, uma análise intere

Aquiiii agooooraaa

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Hoje resolvi fazer uma postagem decente. Contei nada mais nada menos que seis textos pré-escritos, rascunhados para quiçá (leia-se: nunca) serem publicados um dia. Mas esse é diferente. Preciso postá-lo. Preciso provar para mim mesma que ainda sei escrever coisas mais ou menos legíveis, sabe como é, né? fazer jus à meia dúzia de leitores que ainda me visitam - a vocês, meu muito obrigada! A ansiedade me consome. Sempre me consumiu. Talvez, por isso, eu não tenha me casado ainda. A vontade de resolver as coisas de modo tempestivo repele o acontecimento natural dos fatos. A culpa é da minha cabeça que insiste em falar mais alto que o meu coração. Se bem que, às vezes, desconfio que o meu coração seja um trouxa! um mongol que sequer sabe o que quer! #prontofalei E não aprendi a lição. Ando sempre tão afobada com o destino final que deixo de curtir a viagem. Tento me policiar, mas eu me driblo muito bem. Já jogou xadrez contra você? É assim que me sinto: mal começo a terminar de

Ah, Lulu...

Acordei lulúlica hoje...   Ouço Lulu em tudo que faço.  Sinto que amanhã será Nando Reis, mas hoje só o Lulu me importa.   Pego o meu violão e vou pra chuva me molhar Acender o céu de algum lugar Gosto de sentir a mocidade extasiar Quando tocam a cançao que diz:     SI MENOR Quando um certo DÓ SUSTENIDO MENOR alguém RÉ MENOR LÁ Desperta o FÁ SUSTENIDO MENOR sentimento É DÓ SUSTENIDO MENOR melhor não resistir MI COM SÉTIMA E DÉCIMA PRIMEIRA  MI COM SÉTIMA E MI COM SÉTIMA E DÉCIMA PRIMEIRA E MI COM SÉTIMA se entregar LÁ     Seja bem-vindo, se VOCÊ É BEM COMO EU.

Nem todo palhaço tem graça

Pedro não gosta de Patati e Patatá. Não é nada pessoal. Eles são palhaços e defendem o pão-de-cada-dia deles. Mas o Pedro não gosta. Ninguém é obrigado a gostar ou achar graça de algo que para ele não é engraçado. Já percebi que ele curte as musiquinhas e só. Na verdade, a dupla de palhaços representa para meu filho um estorvo. Acordamos de manhã, ligo a tevê e está passando um desenho super bacana... quandefé... lá vem o Patati e Patatá atrapalhar o desenho.  - Mamãe, tira esse Pati daí! Eu quero ver deseeenhoo!!! - esbraveja meu rebento. - Não posso, filho. Eles que mandam na televisão. Só vai começar outro desenho quando eles quiserem. - Então, coloca o DVD! Eu quero ver desenho! Eu, como mãe, como posso obrigá-lo a assitir aos palhaços? Como vou dizer "Não, filho. Assista ao Patati, vai fazer bem pra vc! Quando a mamãe era pequena, não existia DVD e eu tinha de assistir o Xou da Xuxa pra depois ver os desenhos. Portanto, se conforme com o que o SBT quer para voc

Tatuado em mim

Certa vez fui visitar uma amiga e fiquei um pouco surpresa com a tatuagem que ela havia feito: uma gueixa que ocupava suas costas quase completamente e algumas flores no braço. A surpresa não era nem pelo fato de estar se tatuando, e sim, pelo cargo que pretendia ocupar na Caixa. -Amiga, você não tem receio do que o seu Gerente Geral pode achar de uma tatuagem tão grande? Porque, afinal, não dá pra escondê-la e no banco essas coisas ainda são vistas com um pouco de preconceito, né? -O cara que não aceita a minha tatuagem, não serve pra ser o meu gerente. A minha amiga sempre foi um exemplo pra mim em vários sentidos e essa frase foi uma lição de vida. Hoje, compreendo muito melhor o seu significado. Não somos nós que devemos nos deixar moldar pelos anseios do mundo. Ele que se adeque para me merecer, ora bolas! Nos últimos tempos vivi meio pesarosa por minha vida não ser mais a mesma depois da maternidade. Por não gozar das mesmas oportunidades que tinha antes de ser mãe. Já escr

Pedro e o Português

-Mamãe, olha, um parquinho!! -Nossa, filho, é mesmo! -Amanhã você me traz aqui pra mim brincar? -Trago, filho. Mas não é pra mim brincar, é pra eu brincar. -É você que vai brincar?!? -Não, filho. A mamãe tá te ensinando o jeito certo de falar. O certo é pra eu brincar. Fala: pra eu brincar. -Pra eu brincar. -Isso, meu amor! -Então eu posso brincar também, né, junto com você? Vai tentar ensinar português pra um menino de três anos, vai!

Serventia da casa

Me demito. Sim, estou pedindo demissão. Não. Não vou me arrepender. Demito-me (como reza o bom português) das coisas inúteis, dos amigos rasos, dos programas bobos, do ócio improdutivo, das pessoas chatas, daqueles que me querem mal, dos sentimentos atordoados, do descontrole - em todas as suas variáveis. Despeço-me sem choro da preguiça, da indelicadeza, da soberba. Quem me dera se fosse assim...

Eu Não Sou da Sua Rua (Marisa Monte)

Eu não sou da sua rua, Não sou o seu vizinho. Eu moro muito longe, sozinho. Estou aqui de passagem. Eu não sou da sua rua, Eu não falo a sua língua, Minha vida é diferente da sua. Estou aqui de passagem. Esse mundo não é Meu, esse mundo não é seu