Emoção, fome e música

Ontem eu tive inspiração para três posts! Mas em vez de parcelá-los falarei brevemente de cada um deles. Sou filha única e, portanto, lido muito bem com a solidão. Nos (raros) momentos em que me dou ao luxo de ficar sozinha penso, observo e descubro coisas novas. Ontem me proporcionei o prazer de ir ao cinema sozinha. Aaahh... Ir ao cinema sozinha... Que delícia... O que para alguns é meio deprimente, para mim é um momento de descobertas.

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Por exemplo, descobri que filmes de comédia me fazem chorar. Posso parecer um pouco carrancuda e seca às vezes, mas o fato é que sou muito emotiva e sensível, só que disfarço bem pra não dar o braço a torcer (sou libriana, quaaase escorpionina). Eu assisti ao filme dos Smurfs. Sim, relembrar é viver! Sim, é do meu tempo! Sim, eu sou saudosista mesmo! E daí? Enfim, o filme retrata as dificuldades que os pequenos seres azuis (em Nova York) passam ao tentar retornar para sua Floresta Encantada. Mas o que me chamou a atenção mesmo e me fez soluçar aos prantos enquanto os outros riam, foi o fato de o Papai Smurf fazer tudo, tudo mesmo pelos seus protegidos. O que motiva uma pessoa a adotar para si a obrigação de cuidar de alguém? Digo, o Papai tinha uma vocação de ser papai dos demais smurfs. Ele fazia aquilo com um amor que eu conheço bem. Um amor de doação. De querer fazer o bem e fazer o que é certo. E tudo isso me toca profundamente. Principalmente por saber que existem pessoas assim na vida real.

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Saí do cinema com uma fome lascada e fui para a praça de alimentação. Lembrei das aulas de planejamento gráfico. Você sabe quais são as cores da fome? Não, não estou falando da fome mundial, antes que você pense nos países pobres da África. Estou perguntando se você sabe da mensagem subliminar a que você se expõe toda vez que entra em uma praça de alimentação. Bingo! Um sanduíche do McDonald's, ou do Giraffas, ou um pastel da QG, ou uma esfiha do Habib's, e outras tantas, para quem disse que as cores da fome são amarelo, branco e vermelho. Recordo-me perfeitamente do professor Cláudio dizendo que essas cores despertam o nosso apetite. Interessante essas sinapses, né? Então, aproveitarei o momento para fazer um desafio: agora que você, amigo leitor, já está liberto desse imperialismo publicitário condicionador, eu o desafio a comer numa praça de alimentação em algum lugar que não tenha alguma dessas cores em sua logomarca.

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Daí quando voltava para casa vim ouvindo Chico Buarque no carro. Me bateu uma saudade danada da Maianí. Devo a ela todo o meu bom gosto musical. Há dez anos atrás, quando comecei a tocar violão, a minha querida amiga pegava (na internet, que até então era pra poucos) cifras de músicas ícones do repertório brasileiro. Eu não sabia todas, mas ela cantava e eu tocava e formávamos uma dupla e tanto! Ou quase... apesar dos desafinos e dos acordes mal elaborados. Contudo, foi uma época muito linda: João e Maria, Geni, Cuitelinho, Xote das Meninas, Asa Branca,... sem falar de Cássia Eller, Adriana Calcanhoto, Caetano,... aai, Zé Ramalho... (suspiro)


Comentários

  1. Também sou saudosista assim e ir ao cinema sozinha é uma coisa que secretamente acho muito bom (apesar de nunca ter conseguido fz). Sabe essas coisas que a gnt imagina como é sem nunca ter feito? Pois é... Às vezes acho mesmo difícil conviver com lembranças...

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